quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O OLHAR DO ANTROPÓLOGO


Claude Lévy-Strauss


“Nenhuma comunidade nativa sobrevive intacta à visita do antropólogo – por muito hábil, discreto e diplomático que seja. A obsessão ocidental com o inquérito, a análise, a classificação de todas as formas vivas, é em si uma forma de subjugação, de domínio psicológico e técnico. Fatalmente, o pensamento analítico adulterará ou destruirá a vitalidade do seu objecto.”

“Nostalgia do Absoluto”  (George Steiner)


A própria ideia de humanidade traz o antropólogo no bojo. A “globalização” não é apenas um fenómeno económico e político, e foi preparado de há muito pelas religiões militantes e pelas ciências humanas.

Teria sido simplesmente inconcebível que tivéssemos respeitado integralmente o santuário das outras culturas. Por razões de segurança até, precisaríamos de conhecê-lo. De facto, tudo isto tem a ver com o poder.
Mas a vulnerabilidade das culturas ao olhar do Outro explica as reacções imunitárias, por vezes violentas, que podem ir até à negação da realidade. 

O que se passa com a China moderna é a ilustração disso mesmo. A abertura do regime está sujeita ao princípio do travão/acelerador contra a sua “ocidentalização”.

Se tivermos em conta que a actual ideologia é já uma importação, podemos facilmente prever quem vai mudar mais nas próximas décadas e em que sentido.

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