quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

HOMO PARTIDARIUS


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"Eu pensava nestes problemas que a escolástica confunde, procurando saber através de que sinais poderia reconhecer se um homem é republicano ou não, radical ou não, socialista ou não. Orientar assim a observação é fazer um mau uso das classes; porque todo o homem é em qualquer grau republicano e em qualquer grau socialista, mesmo César e Napoleão; e há muitas outras ideias a aplicar a um homem, se o queremos conhecer um pouco. A idade importa muito, e a gordura, e o estado do fígado, sem contar com a riqueza, a função, mil outros atributos, que acabarão em conjunto, por nos permitir uma previsão passável."

"Vigiles de l'esprit" (Alain)


As classes pouco nos dizem sobre o homem e, como diz o filósofo, numa crise ou numa guerra, as etiquetas não nos servem para prever o seu comportamento. Para nos aproximarmos disso, é preciso conhecer o homem todo.

Mas esta sabedoria aplica-se à infância dos partidos. Porque quando eles absorvem toda a vida política e, sobretudo, se são "monitorizados" pelos meios de comunicação, a etiqueta conta mais do que a psicologia ou a análise sociológica para compreender uma nova espécie política.

É então ainda mais verdade que todo o homem está, nalgum grau, mal classificado. Mas esses "erros" de atribuição são o que permite a flexibilidade relativa das etiquetas frente à realidade social.

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