quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DEBBOLEZZA


Maurice Maeterlinck (1862/1949)


"Eu escutava a sua conversação como uma canção popular deliciosamente francesa, compreendia tê-la ouvido troçar de Maeterlinck (que ela aliás admirava agora por fraqueza do espírito feminino, sensível a essas modas literárias cujos raios vêm tardiamente) (...)"

"La Prisonnière" (Marcel Proust)


Como entenderia o pensamento politicamente correcto esta passagem?

Logo a seguir, Proust parece desdizer-se, pois enumera uma série de escritores que zombaram da obra de grandes autores seus contemporâneos. Stendhal, por exemplo, ressabiado por um elogio demasiado contido de Balzac ao seu "Cartuxa de Parma", responde-lhe que abominava o estilo rebuscado e que, ao escrever o seu romance, e "para apanhar o tom, lia todas as manhãs 2 ou 3 páginas do Código civil".

Incompreensões e ciumeira literária são de todos os tempos. Será por aí que veremos a pertinência da observação proustiana sobre o espírito feminino?

"La donna è mobile"? e, sendo o "sexo afectivo", tem dificuldade em ser "fria e objectiva" quando critica?

Se assim for, entre os literatos, uns com os outros, parece prevalecer o espírito feminino.

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