quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A ALMA E O COMÉRCIO



"É provável que os dons do homem (era uma das suas ideias favoritas) tenham necessidade duma certa coerção para poderem desenvolver-se; entre uma liberdade de pensamento insolente e o desencorajado receio de todo o pensamento, os que conhecem a vida sabem bem que há aí apenas uma estreita faixa de terra fértil."

"O Homem Sem Qualidades" (Robert Musil)


Este pensamento de Arnheim serve para ilustrar a ideia duma fusão de interesses entre a alma e o comércio ( é o título do capítulo 86).

A capacidade da razão para fazer da necessidade virtude e justificar a força dos factos só porque eles existem e decorrem necessariamente de certas condições está bem patente na filosofia desta personagem musiliana.

Parte-se duma situação de falta de liberdade para a ideia da esterilidade dum pensamento excessivamente livre, mas como político moderno e intelectualmente desempoeirado, Arnheim não pode deixar de ter uma palavra de reprovação para todas as ditaduras.

A sua posição é, portanto, a de Hegel defendendo o Estado prussiano: a da plena realização ( da ideia absoluta).

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