domingo, 11 de janeiro de 2009

ACÇÃO E OPINIÃO


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"A verdadeira superioridade de Hitler assentava no facto de ter uma opinião em qualquer circunstância e de essa opinião se adaptar estritamente à sua visão do mundo. Em tais condições (mas apenas em tais condições), a superioridade cresce efectivamente ao mesmo tempo que o fanatismo: os erros mais evidentes e verificáveis deixam de a poder abalar."

"Compreensão e Política e Outros Ensaios" (Hannah Arendt)


O homem que tem uma opinião sobre tudo está sempre em condições de julgar. "Ora, na ordem política, em que é preciso agir constantemente e por isso constantemente julgar, é exacto que, na prática, é mais vantajoso emitir um juízo, seja ele qual for, e agir, seja de que maneira for, que não julgar e não agir de todo."

Ao contrário do homem que sabe que não sabe, o homem com opinião "em qualquer circunstância" está sempre, para o bem e para o mal, em condições de agir.

É fácil de ver quanto essa opinião, num mundo complexo de mais para termos essas certezas, depende dum espírito exclusivo que se proteja da crítica e do confronto com outras ideias e teorias que possam instalar a dúvida.

Sendo esse o método de todo o proselitismo religioso ou político, não podemos admirar-nos que tenha sido adoptado, em maior ou menor grau, pelos partidos políticos, verificando-se que, quanto mais "fechados", mais opiniosos e mais prontos para a acção.

Claro que isto levanta a questão de saber se a acção "livre" é possível, ou se depende duma boa dose de inconsciência e de necessidade.

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