sábado, 19 de julho de 2008

A MÁQUINA OPRESSIVA



"A supressão da divisão dos homens em capitalistas e proletários não implica de modo nenhum que deva desaparecer, mesmo progressivamente, a "separação entre as forças espirituais do trabalho e o trabalho manual."

"Allons-nous vers la Révolution Prolétarienne?" (Simone Weil)


O extremismo desta dicotomia não nos deve fazer esquecer que já no tempo de Marx havia um mundo de gradações sociais entre os dois pólos.

Simone pensava que os técnicos que comandavam as máquinas (servindo-se estas dos homens como de engrenagens vivas) exerciam a verdadeira opressão, mesmo se não era pessoal. Mas que até esses se especializavam, cada vez mais, num certo tipo de máquinas, o que elevava a opressão para o nível da coordenação.

Essa situação de opressão era evidentemente independente do regime de propriedade.

Como muitas vezes aconteceu na história, se alguma coisa de fundamental mudou não foi pela revolta dos oprimidos, nem pelos esforços da filantropia.

A revolução informática fez reequacionar o problema da coordenação. Mas as novas máquinas contêm cada vez mais "espírito e organização" incorporados, de modo que, talvez pela primeira vez, todos os que trabalham se podem rever no pólo oposto dos que decidem a estratégia (se a táctica for deixada à computação).

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