terça-feira, 22 de julho de 2008

ALI NINGUÉM É HOMEM


Monsieur Teste
(http://www.vigilambulocaolho.blogspot.com)


"O homem é diferente de mim e de vós. O que ele pensa nunca é aquilo em que ele pensa; e sendo o primeiro uma forma com voz, o outro toma as formas todas e as vozes todas. Por ali ninguém é homem, e o Sr. Teste ainda menos do que qualquer outro. Também não é filósofo, nem nada desse género, nem sequer literato; daí pensar muito - pois quanto mais se escreve, menos se pensa."

"O Senhor Teste" (Paul Valéry)


O homem não é a linguagem. Teste, como criatura fantástica, mostra-nos a que exterioridade, em relação ao mundo e aos outros, um homem sem corpo chegaria. Por ali ninguém é homem...

O corpo é onde tropeçam as formas.

Mas, assim como podemos "morrer" na "petite mort", temos também momentos Teste (momentos de cabeça - tête, de onde terá origem Teste). Aí podemos, miseravelmente, enganarmo-nos sobre aquilo em que pensamos, pois se diria melhor que, então, somos pensados.

A outra frase sugere, aliás, que, do mesmo modo, a escrita nos desencaminha. É o efeito de todo o medium alienar-nos do (no) pensamento ( a cabeça como medium é o Senhor Teste).

Porque pensar nasce do corpo ou é como um simples chapéu que qualquer tira e põe.

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