sexta-feira, 4 de julho de 2008

A LUZ VIDENTE


Eugène Atget (1857 ‑ 1927)


"Não foi por acaso que se compararam as fotografias de Atget com as de um local do crime. Mas não será cada canto das nossas cidades um local do crime?"

"Pequena história da fotografia" (Walter Benjamin)


Ao ler estas linhas, penso imediatamente em "Blow up", o filme de Antonioni.

Qual o nível de ampliação a que devemos submeter um instantâneo fotográfico para ler o texto subjacente, como um palimpsesto?

É claro que por limitações técnicas não é possível ir muito longe nessa ampliação. Podemos imaginar, contudo, uma impressão da luz "em profundidade", que não apenas tornasse perto o distante, mas que abrisse os abismos da proximidade.

Poderíamos, talvez, "ver" assim o futuro, como o médico, através dos raios X, a evolução da doença.

A fotografia cria um espaço cénico onde antes existia o movimento do corpo e a profundidade cinestésica.

Todo o crime, na medida em que precisa de ser representado, ocupa a cena criada pelos media.

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