segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

FIDELIDADE


"Melancolia” de Edward Munch

"As palavras não mudam tanto de significado, em séculos, como os nomes para nós no espaço de alguns anos. A nossa memória e o nosso coração não são suficientemente grandes para poderem ser fiéis. Não temos espaço bastante, no nosso pensamento actual, para aí conservar os mortos ao lado dos vivos."

"Le côté de Guermantes" (Marcel Proust)


Questão de memória, questão de espaço.

Como o nosso convívio com as máquinas "inteligentes" nos permite compreender esse limite!

O temperamento melancólico (segundo a ordem clássica dos quatro temperamentos), propenso a fechar-se sobre si mesmo e a ver tudo negro, é também o mais fiel.

É que nele a fidelidade é possível à custa das novas sensações e dos novos afectos.

Neste caso, os mortos podem expulsar os vivos, por não haver espaço para todos.

0 comentários: