Le Polycratus a été traduit pour le roi Charles V
par le Franciscain Denis Foulechat.
"A música embaça o rito divino, porque perante o olhar de Deus, nos recintos sagrados do próprio santuário, os cantores, com o impudor das suas vozes lascivas e com uma afectação singular, tentam feminizar os seus apoiantes fascinados, interpretando as notas e terminando as frases com a sua voz de meninas. Se pudésseis só ouvir as exaustas emoções dos seus cantos e contracantos, sempre impróprias e pouco judiciosas, no princípio, no fim e no meio, creríeis que aquele era um conjunto de sereias, e não de homens."
"Policratus, 1159" (Jean de Salisbury, citado por William Dalglish e Anna Maria Busse-Berger em "les écritures du temps")
Assim, um sábio do século XII exprimia o sentimento que em si despertava a música ouvida na catedral de Notre-Dame. Parece que estamos a ver a ambiguidade sexual dos frades de Pasolini, na sua célebre trilogia.
A mulher, ausente desses grandes cenóbios, pela proibição do cânone, "persegue" com o seu corpo e a sua voz o espírito da comunidade. Através da estética e dos ideais da beleza, ela insinua-se nos corações.
Vemos aqui como a música servia à feminização, abortando a sublimação imposta pela doutrina.
É caso para dizer que o hábito faz o monge.
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