"Cadaveri eccelenti" (1975-Francesco Rosi)
Voltaire, nas palavras do Presidente Riches (Max Von Sydow), começou o ataque à magistratura. Foi o primeiro a lançar a dúvida sobre a sua "infalibilidade".
O juiz explica que não existe tal coisa como o erro judiciário. Porque as condenações e o valor do exemplo são imprescindíveis à ordem. É o princípio da dizimação. A inocência ou a culpa individuais nunca são a questão.
Nesta parábola sobre a Itália dos anos setenta, a partir dum texto de Leonardo Sciascia, vemos uma dessas vítimas do sistema judiciário transformar-se num assassino em série (a série é constituída por todos os magistrados que tomaram parte no seu processo).
Apesar da "chave" ser de fácil leitura para o inspector Rogas (Lino Ventura), o sistema dos partidos impõe a sua agenda e a sua interpretação, no sentido de uma viragem à direita e da repressão dos grupúsculos de esquerda.
Este cenário, que era credível nos tempos das Brigadas Vermelhas, parece hoje uma coisa de loucos.
Mas já vimos como a história nos pode surpreender com uma mudança súbita de "registo", pondo a "loucura" na ordem do dia.
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