segunda-feira, 16 de abril de 2012

O PUDOR DO FUTURO

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"'Não tem sentido aplicar os modelos de energética ao estudo dos fenómenos sociais e psicológicos' (Bateson): por outras palavras, aplicar os modelos das ciências de análise ao estudo de fenómenos que percebemos que são irredutivelmente complexos."

 ("Sobre a inteligência da complexidade" Jen-Louis Le Moigne)




A questão é que faz sentido. Faz sentido como em todos os casos, em que a nova ciência conserva a forma da ciência que a precedeu, pelo menos por um tempo, segundo a lei enunciada por Comte. Foi assim que a biologia durante muito tempo "falou" como a química, e a sociologia como a biologia.

Muito provavelmente, é a necessidade de conservar o próprio sentido que obriga a essa "passagem do testemunho" entre o novo e o velho.

O conceito de complexidade prevê, por exemplo, os efeitos de sistema sobre as partes dum todo (que passam a ser entidades diferentes em consequência desse fenómeno).

Como diz Edgar Morin, "Os reducionistas são incapazes de conceber a realidade do espírito e querem explicar-nos tudo a partir dos neurónios. Os espiritualistas incapazes de conceber a emergência do espírito a partir da relação cérebro-cultura, fazem do cérebro, no máximo, uma espécie de retransmissor de televisão." ("Complexidade restrita, Complexidade geral" )

Não se pode dizer que a "auto-referência" seja um pensamento. Mas todo o conjunto que pode ser reconhecido como tal pelos elementos que o constituem pede uma abordagem em termos de complexidade.

Parece que estamos aqui diante dum "mero" conceito. Mas a verdade é que, aplicado às ciências sociais, imporia um mínimo de pudor a todos os que fazem previsões em economia, por exemplo.
 

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