sábado, 7 de abril de 2012

DESMESURA



"É mais urgente extinguir a desmesura do que o incêndio."

(Heráclito)



O fogo é uma crise que se sabe como vencer. Já na Roma antiga os 'siphonarii' manobravam a bomba de água. Para os casos em que as chamas devoram a casa e os haveres, inventou-se o seguro. Mas que corporação pode atacar a desmesura, sem perigo para todos, quando ela sub-repticiamente se instalou na cidade?

Sabemos que a noção de limite foi a grande ideia dos Gregos. A medida é o que se lhe conforma, mas o risco de cair na desmesura (hybris) é permanente.

Quereria o "Obscuro" referir-se apenas ao indivíduo  que comete a 'hybris' e se coloca na situação do criminoso nas nossas sociedades? Mas desse se encarregava a nemésis enviada pelos deuses para repor a justiça. Por isso é defensável a outra interpretação que é a duma desmesura colectiva que não seria, porém, comparável ao pânico. É mais como um mundo do avesso, ou um tempo 'fora dos gonzos' como se lê no "Hamlet".

Então, nada seria mais urgente do que "apagar esse incêndio", mas é a própria natureza do mal que impede a consciência de que se trata de algo urgente e que sonega a própria ideia dos meios para o combater.

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