sábado, 23 de julho de 2011

O PODER E A GLÓRIA

Graham Greene (1904/1991)


“Em Julho de 1965, Greene teve uma audiência com o Papa Paulo VI. Disse ao Papa que o “Poder e a Glória” tinha sido condenado pelo Santo Ofício. De acordo com Greene, o Papa perguntou: ‘Quem é que condenou?’. Greene respondeu: ‘o Cardeal Pizzardo’. Paulo VI repetiu o nome com um sorriso forçado e acrescentou:’Sr. Greene, algumas partes do seu livro ofenderão certamente alguns católicos, mas o senhor não deve prestar atenção a isso.”

“Graham Greene’s Vatican Dossier” (Peter Godman)




A atitude do Papa perante o célebre novelista, vindo das hostes do protestantismo para o campo dos católicos, é diplomática, como não podia deixar de ser. Começou por retirar a cobertura “orgânica” ao pedir um nome. O colectivo que foi responsável pela censura foi, assim, poupado.

Ninguém mais podia, é certo, pôr-se acima do Santo Ofício. Mas fica-nos a impressão de que estamos a lidar com um poder fraco e que, tal como os censores, mediu as consequências de remeter “The Power and the Glory” para o “Índex”, julgando, como eles, tal acto inútil e até prejudicial. Mais valia desautorizar um subordinado, ao mesmo tempo que se afectava, muito oportunamente, uma grande liberdade de espírito.

0 comentários: