terça-feira, 12 de julho de 2011

AS NOVAS PASTAGENS

Thomas More (1478/1535)


“Isso não tem que deva surpreender-vos. Neste caso, a morte é uma pena injusta e inútil; é demasiado cruel para punir o roubo, demasiado fraca para o impedir. O simples roubo não merece a forca, e o mais horrível suplício não impedirá de roubar aquele que só tem esse meio para não morrer de fome.”

“A Ilha da Utopia”  (Thomas More)




A criadagem que os nobres punham na rua quando adoeciam ou deixavam de ser úteis, ou os camponeses expulsos das suas terras à medida que as pastagens cresciam para o negócio do lã que enchia os bolsos de nobres, burgueses e até de “santos abades”, como diz More, referindo-se à Inglaterra do século XVI, formavam grande parte da população empurrada para situações de desespero.

Sobre isso, como sempre, não faltarão os hipócritas que pretendem esquecer  as causas do crime, argumentando com a qualidade dos que têm a “barriga cheia”, que são mais úteis ao Estado, pois até pagam impostos, e são melhores soldados porque podem conservar a saúde.

Esta realidade, tantas vezes contada, podia inspirar-nos na presente crise. Onde vemos os gregos e os outros que se seguem tornados párias na sua própria terra pela invasão de novas e “globais” pastagens de agiotas.

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