segunda-feira, 25 de julho de 2011

A MORTE DE BLANCHOT

Maurice Blanchot (1907/2003)


“Se é verdade que, para um certo Freud, o nosso inconsciente não poderia representar-se a nossa própria morte, isso significa no máximo que morrer é irrepresentável, não somente porque morrer não tem presente, mas porque não tem lugar, seja no tempo, seja na temporalidade do tempo.”

(Maurice Blanchot, citado por Jacques Derrida)



Derrida, na morte de Blanchot: “podemos dizer hoje que ele morre sem desaparecer, mas também que desaparece sem morrer. A sua morte pode permanecer impensável, ela já lhe tinha acontecido. Entre a ficção literária e o irrecusável testemunho, o instante da minha morte libera a sua narração e a sua inconcebível temporalidade.”

O que é irrepresentável na nossa morte, talvez seja apenas a diferença específica, porque, no essencial, ela impõe-se como a linguagem que já cá estava quando comunicamos e continua depois de nós deixarmos de estar. Pode-se representar uma condição? Seria como saltar sobre a própria sombra.

Blanchot pensou constantemente a morte e a sua própria morte. Esse tema que alimentava o seu pensamento era, de facto, uma fonte de escrita e de vida.

De algo que não se pode representar nasceram religiões e filosofias, de tal modo que talvez perdêssemos o mundo se viéssemos um dia a “dominar” a morte.

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