quarta-feira, 14 de julho de 2010

MÀ NON È FANATICO


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"Si, la ama, mà non è fanático."

(expressão napolitana)


Dum povo tão vivo e apaixonado, não se esperava esta precaução. O distinguo entre o amor e o fanatismo. Pois pode-se amar até à loucura, e o que é o fanatismo senão ter "razão" contra tudo e contra todos?

"Lê-se no salmo 78: 'E conduziu-os à sua morada santa'. Deus leva os hebreus para o deserto, porque aquele é o lugar do encontro. Não os chama num centro, numa praça, mas no isolamento inóspito do vento e do pó." (Erri De Luca)

No deserto, Deus não pode ser tomado por nenhuma outra coisa. Todo o fanático tem o seu deserto pessoal para esse diálogo privilegiado. A religião do deserto faz da própria areia uma metáfora da ablução.

O amor pode ser tão exclusivo? Não hoje, pelo menos, quando se aprecia tanto a liberdade. Os amantes de Verona não eram mais fanáticos do que as suas famílias desunidas pelo ódio, mas estariam hoje num mundo que os tomaria por loucos.

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