quarta-feira, 3 de junho de 2009

TECNOLOGIA PARCELAR

John Stuart Mill (1806/1873)


"'Há dois tipos de investigação sociológica, escreveu ele (John Stuart Mill): 'no primeiro tipo a questão proposta é, por exemplo, qual será o efeito… de introduzir o sufrágio universal no estado em que a sociedade se encontra actualmente? Mas também há um segundo tipo de investigação… Neste caso… a questão não é qual será o efeito de uma determinada causa num certo estado da sociedade, mas quais são as causas que produzem… estados da sociedade em geral'."

In "A Pobreza do Historicismo" (Karl Popper)


O método historicista presume tudo, as causas quanto os efeitos, porque parte dum modelo "completo". É a situação inversa do homem presa dum destino que não conhece, num mundo governado pelos deuses, pela Providência ou pelo Acaso. O modelo funciona, na medida em que permite atribuir um sentido aos acontecimentos e nos livra do absurdo, porque, afinal, existem leis que explicam o que se passa.

O problema não é tanto o desacordo entre a teoria e os factos, visto que o modelo pode incluir uma cláusula de reintrepretação que fecha de facto o sistema na sua auto-referência, e não chegará verdadeiramente a ser posto em causa, a História, em princípio, não tendo fim (ou o seu fim podendo ser adiado indefinidamente), o problema está mais na clausura intelectual que fecha o caminho a um outro método revolucionário e nos efeitos catrastróficos de jogarmos tudo naquilo que não sabemos nem podemos controlar.

Ao primeiro método descrito por Mill, chama Popper de tecnologia parcelar. De facto, embora presumindo o conhecimento da causa ou de parte dela procura manter o controle na mudança, limitando o seu âmbito.


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