segunda-feira, 15 de junho de 2009

O CHOQUE DE SÍMBOLOS


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"Mas não é deixando mostrar-se simplesmente tal como é – ou como imagina ou pretende ser – que o homem perdido na massa pode ser socorrido; mas solicitando nele aquilo que em regra não se mostra completamente e que ele próprio nem imagina que existe em si. E isso é infinitamente menos possível ao anonimato que ao choc de símbolos e gestos carregados de poderes secretos, ao trauma de uma beleza desconhecida que 'abra' por detrás dos sentidos e sentimentos gastos, profundidades inimagináveis, momentos antes."

"Introdução a Simone Weil, 'Espera de Deus'" (Cristina Campo)


Porque Simone Weil imagina ter de ser "quase invisível… qual folha morta como alguns insectos." E Cristina Campo lastima que esta catecúmena relutante não tenha sido melhor aconselhada por aqueles que, dentro da Igreja, a introduziram no pórtico. "É claro que nunca leu as vidas dos Santos."

O grande amor de Simone pela humanidade pode ser assim chamado de romântico.

A exigência intelectual e a absoluta sinceridade não bastam para operar o milagre da conversão (porque é disso que se trata, quando se fala em socorrer "o homem perdido na massa"). O exemplo não basta. O choque de "símbolos e de gestos carregados de poderes secretos" não está ao alcance de nenhuma inteligência, mesmo que vá para além da crítica da sugestão e da imitação colectiva.

Claro que Cristina Campo considera que a Igreja com a sua história milenar é a melhor depositária desse simbolismo que nenhuma cultura profana pode substituir. Mas a teoria das organizações e a tradição filosófica materialista impedem-nos de conceber um lugar onde esses tesouros simbólicos se encontrariam incólumes e ignorados ainda da arqueologia crítica.

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