domingo, 12 de abril de 2009

OS CLONES DE MENGELE




"Hitler queria ouvi falar da América, onde Lüdecke tinha passado uns poucos anos antes numa variedade de empregos insignificantes e de negócios de curta duração. Ficou contente por descobrir o interesse de Lüdecke pelas histórias de cowboys e índios de Karl May que tinha devorado quando era rapaz. Disse que era capaz ainda de as ler e de se emocionar com isso."

"Hubris" (Ian Kershaw)


Num filme de Franklin Schaffner de 1978 ("The boys from Brazil"), o célebre Joseph Mengele (O Anjo da Morte) tinha posto em prática um plano para plantar algumas dezenas de clones de Hitler em diversos países, cujos pais adoptivos deveriam morrer precisamente com a mesma idade dos progenitores do Führer. Os rapazes eram exactamente iguais, com olhos azuis, cabelo liso e uma forte tendência autoritária, mas nenhum podia corresponder à ideia maníaca de Mengele. A ideia de que um homem é alguma coisa fora das suas raízes e do seu contexto histórico aflora às vezes em certas expressões de impotente saudosismo.

Hitler admirava ainda mais Karl May por descrever lugares onde nunca tinha estado , pois isso significava aos seus olhos um grande poder de imaginação. Recomendava esses romances aos seus generais e chegou a mandá-los distribuir pelos soldados da frente.

Este culto, partilhado por tantos bons alemães, permite-nos pensar que o mesmo homem teria sido inofensivo noutro tempo ou noutro lugar como os clones do filme de Schaffner.

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