segunda-feira, 27 de abril de 2009

DESMATERIALIZAÇÃO


Einstein e Eddington


"O seu mundo consiste em 'acontecimentos', dos quais a 'matéria' deriva por construção lógica. Quem quer que leia, por exemplo, 'Space, Time and Gravitation' (Cambridge University Press, 1920), do Professor Eddington, verá que um materialismo antiquado não tem qualquer apoio na física moderna. Penso que o que tem valor permanente na visão dos behavioristas é o sentimento de que a física é a ciência mais fundamental que existe. Mas esta posição não pode ser chamada materialista, se, como parece ser o caso, a física não assume a existência da matéria."

"The Analysis of the Mind" (Bertrand Russell)


Tem sentido ainda alguém se proclamar materialista, quando a matéria é cada vez menos material?

Conhecemos a história do dualismo filosófico que opõe o espírito à matéria, de que Descartes é um expoente. Mas de certeza que nenhum físico moderno pensa em termos dualistas, porque se o sistema da ciência se opõe a alguma coisa é ao não-científico.

A ciência desenvolveu uma linguagem própria e justifica-se a si mesma graças a um sucesso prático revolucionário. E a filosofia não podia ficar imune à retroacção dos avanços científicos. Russell parece inclinar-se por uma espécie de neutralidade face à polémica dualista. Nem uma coisa nem outra ou as duas coisas ao mesmo tempo.

O materialismo fica assim confinado à esfera dum subsistema da política onde ainda podem ter curso as mais longínquas influências da filosofia crítica, da negação e da suspeita.

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