sábado, 15 de novembro de 2008

A BELEZA COMO DESTINO


O Romance do Genji


"É verdade que a bebé recém-nascida era de uma beleza sobrenatural, quase inquietante; quando a ama a viu foi a primeira a entender que a ansiedade do Genji era mais do que justificada e todas as apreensões que sentia quando se lançara naquela via incerta dissiparam-se como um sonho."

"O Romance do Genji" (Murasaki Shikibu)


A beleza humana neste romance incomparável nunca é de ordem estética, como a que está presente na arte e nas paisagens do mundo. A começar pela do Genji, ela é um destino, uma intimação dos deuses que causa uma espécie de terror (sobrenatural, quase inquietante).

Tanto na literatura como na vida há inúmeros exemplos da beleza como maldição, em que é uma distinção que parece designar para o sacrifício aqueles que a possuem. E quantos, para conservar a vida ou a honra, não tiveram de se disfarçar e tornar num exemplo do contrário?

É ainda a ideia de que aquilo que somos fisicamente nos permite uma vida e não outra e que uma diferente curvatura num certo nariz faria com que os deuses não tivessem abandonado António...

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