segunda-feira, 16 de março de 2009

EXCOMUNHÃO


Trotsky, Lenin, and Kamenev (from left to right)
at the second Party Congress in 1919.



Kamenev critica o que considera as concessões
da XIV Conferência do Partido (1925) aos kulaks e aos elementos capitalistas. Staline pergunta: "Será isto verdade? Eu afirmo que não é verdade; que é uma calúnia contra o Partido. Afirmo que um Marxista não pode abordar assim a questão; que só um Liberal pode abordar a questão dessa maneira."
(Staline, "On the Opposition")


É a NEP (Nova Política Económica), inaugurada por Lenine que está em causa. Staline argumenta que era previsto que as forças capitalistas se aproveitassem da situação, mas que este "passo atrás" (Lenine) permitiria aumentar a produção nos campos e beneficiaria igualmente o Estado e as cooperativas.

Sabe-se como o progresso dos kulaks foi sol de pouca dura e que "os dois passos em frente" equivaleram à sua liquidação física, que, enfim, o Estado soviético nunca perdeu o controlo da situação e que o autor da crítica esquerdista às posições da Conferência pagou com a vida a sua divergência.

Mas o que quer dizer que um Marxista nunca abordaria assim a questão? Há no raciocínio do secretário-geral uma evidente dialéctica que, aparentemente, falta à crítica de Kamenev, mas esta é a linguagem da excomunhão que anuncia já o futuro reservado ao companheiro de Oulianov.

Assim, pensar como um marxista, é poder utilizar a mesma dialéctica no contrário da defesa de Staline, o qual veio pouco depois a fazer soar o dobre de finados da Nova Política Económica, substituindo-a pela colectivização e os planos quinquenais.

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