terça-feira, 21 de outubro de 2008

A INTIMIDADE CODIFICADA


Niklas Luhmann

"Isto mostra claramente que o amor resolve os seus problemas de comunicação duma maneira completamente única. Para pôr a questão paradoxalmente, o amor é capaz de realçar a comunicação prescindindo de qualquer comunicação. Faz uso, em primeiro lugar, da comunicação indirecta, confia na antecipação e no ter já compreendido. E assim o amor pode ser prejudicado pela comunicação explícita, por distintas perguntas e respostas, porque tal abertura indicaria que alguma coisa não foi naturalmente compreendida."

"Love as passion" (Niklas Luhmann)


Diz também Luhmann que o esforço de compreensão no amor é tão estrénuo que naturalmente existe a tendência da pessoa se apoiar nos sentimentos, o que teria o inconveniente de "impedir qualquer solução institucional para a relação do amor e o casamento."

Por aqui se vê que o amor entregue a si próprio, se pudesse alimentar-se apenas de si, é anti-social nessa secundarização da linguagem.

E é um paradoxo que, ao mesmo tempo, seja uma condição de sobrevivência da sociedade. Luhmann, é verdade que não se refere ao instinto sexual, mas ao medium, com uma semântica própria, chamado amor, em simbiose e diferenciação com outros sistemas de comunicação.

Uma tendência acentuada para a exclusividade dos sentimentos criaria por isso um problema de comunicação entre o medium e o seu ambiente, para usar a terminologia de Luhmann. Isto se todas as coisas da natureza não tivessem o seu limite...o artificial é que pode não ter, como o poder ou a ideia do movimento perpétuo.

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