sábado, 29 de outubro de 2005

Na circunvalação, o vento sacode os plátanos e as folhas andam pelo ar. No chão, por entre as árvores, nos sítios onde a fila automóvel congestiona, vêem-se os habituais vestígios da impaciência e da falta de civismo (pontas de cigarros e papéis). Só depois da rotunda dos "Produtos Estrela" o relvado se mostra em todo o seu viço, como num jardim inglês.

Rodo sobre o langor do "Liebstod" wagneriano. Vem-me à ideia a polémica platónica contra o "modo lídio" na música. Esta atmosfera entorpecedora pelo menos devia ser prescrita com peso, conta e medida. Mas há alguma música cujo excesso não incapacite para a acção? Era a prevenção de Lenine contra a música, que o podia levar às lágrimas.

Mas logo a seguir, contra o horizonte marinho a anémona de rede ondula como se mergulhasse nas nuvens.

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