sexta-feira, 7 de outubro de 2005

A IMPORTÂNCIA DE SER HONESTO



Tenho um bom amigo em Lisboa que sempre me surpreende pelo seu inconformismo “boutadiste”.

Desta vez, sobrevoávamos os últimos acontecimentos políticos como num balão que já tivesse visto melhores dias e paragens mais interessantes.

No Campo Grande, os patos negros corriam chapinhando pela água, enquanto ele dizia que o partido mais à direita (porque não teria que contradizer a sua doutrina) era mais honesto do que o partido socialista, mesmo concedendo que este não tinha grande margem de manobra para fazer outra política, dado o espartilho europeu e a situação económica.

Assim, o que ele implicitamente propunha é que só deveriam governar os partidos pragmáticos, com o mínimo de ideias a que a realidade resistisse (porque também os ideais da direita implicariam um retrocesso não praticável).

Estava um autêntico dia de verão e o sol começava a dardejar sob a orla do chapéu.

Fiquei a pensar com os meus botões naquele aparente bom senso. Mas concluí que um partido conservador nunca é o mais indicado para a mudança possível, pois não a deseja, e que, pelo contrário, só quem quer o impossível, mas conhece a máxima do príncipe de Salinas de que é preciso mudar tudo para tudo ficar na mesma, pode mudar por pouco que seja.

Claro que os partidos têm muito de história natural e os seus nomes podem não satisfazer já à razão.

1 comentários:

Anónimo disse...

É de Lampedusa, em O leopardo, uma frase paradigmática da cultura política que cito de cor: é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma.