sexta-feira, 10 de novembro de 2017

ONDE ESTÁ O PROFANO?


Claes Oldenburg, Colher de Jardineiro, Serralves


"Mas na realidade, a introdução de certos objectos profanos no contexto da memória cultural torna difícil dar-lhe um outro uso cultural. Nenhum museu tem necessidade de outro urinol virado do avesso se já possui um. Se se quiser reintroduzir uma coisa profana na tradição valorizada, deve-se começar por mostrar a realidade do seu carácter profano, quer dizer, o que a diferencia de todas as coisas que antes foram valorizadas."
"Du Nouveau" (Boris Groys)

Devia ser fácil dizer: isto não é arte! Uma cena de praia, uma paragem de autocarro com a sua fila de passageiros à espera, uma lata de refrigerante.

Mas, na verdade, alguém andou a mudar as etiquetas no nosso mundo de todos os dias. A começar pela fotografia, que transforma a vida em imagem. E quando, diante de um "motivo", lamentamos não ter trazido a câmara, é porque aquilo a que Groys chama de profano já não está lá.

Virtualmente, já é tudo ready-made e instalação interactiva.

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