terça-feira, 28 de novembro de 2017

A DEMOCRATIZAÇÃO DA ARTE



"Enquanto a massa se volta para aquilo que é reconhecido como tendo valor cultural e, do mesmo passo, o desvaloriza, a estratégia própria à economia cultural consiste em compensar essa desvalorização dos valores culturais pela valorização do que é destituído de valor. É por isso que a valorização do que é destituído de valor é tanto um sinal de democratização da cultura quanto de resistência a essa democratização."
"Du Nouveau" (Boris Groys)

A partir do momento em que o consumidor de arte pode dizer: "Isto também eu fazia!", com o que culmina realmente a democratização, tanto na produção como no consumo de arte, parece evidente que não existe um valor intrínseco, escondido nas obras de arte que se trataria de decifrar ou revelar.

Groys diz também que "a pretensão de uma actividade criadora espontânea a partir do nada parece ingénua." Quer dizer, que o acervo histórico das obras de arte, todos os museus e bibliotecas, são, cada vez mais conscientemente, o necessário ponto de partida para a inovação. Situação que nos faz pensar na antiga escolástica, quando a citação e o comentário do comentário eram tudo quanto se podia esperar em termos de originalidade.

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