quinta-feira, 19 de outubro de 2006

O ESTADO NO PELOURINHO


O teatro Rivoli


No texto sobre a questão do Rivoli que hoje li no "Público", acintoso, como um ajuste de contas com as suas próprias ilusões (o trocadilho com a palavra Revolução), Pacheco Pereira parece defender que a melhor política cultural por parte do Estado é a abstenção. Faça este o que fizer, por detrás da "cultura", esconde-se sempre a propaganda. Malraux é citado como um dos primeiros governantes a perceber que investir na "cultura" é garantir "boa imprensa, legitimidade, figuras de cartaz e "nome"".

Seria um pouco como o investimento das fundações para o capital: faz boa imagem e paga menos impostos. Não haveria, pois, cultura desinteressada.

Os críticos da chamada subsídio-dependência (que se poderia alargar a todos quantos dependem do Estado) só podem, de facto, defender o desinvestimento na cultura, quando pretendem restringir o papel do Estado na Segurança Social, na Saúde e na Educação.

Claro que o isolamento e o "solipsismo" dos ocupantes do Rivoli é um facto. E é verdade que a gestão privada não pode ser pior do que o que já temos com a actual política camarária.

O que não se pode é partir do desperdício e da falta de público para uma doutrinária abdicação do Estado.

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