sábado, 12 de dezembro de 2009

SUPERSTIÇÃO



Buffalo


"Os habitantes do campo no Oeste presumiam que para formar uma opinião legítima, uma pessoa teria que ter os conhecimentos técnicos que estavam para lá do alcance de quase todos os cidadãos. Charlotte, uma mulher mais velha de Buffalo, por exemplo, explicava que não se juntaria a um grupo hipotético que tentasse impedir a construção de um incinerador tóxico na sua comunidade porque não tinha o conhecimento científico adequado."

"Avoiding politics" (Nina Eliasoph)


Este "respeito" pelo conhecimento técnico e científico raia, evidentemente, a superstição. Não há nada que não pudesse ser imposto, mesmo que sob a forma dum consentimento mal avisado, desde que suficientemente complicado e fora do alcance dos "leigos". A democracia não seria mais do que uma palavra se este espírito prevalecesse.

Mas este processo de invalidação do senso-comum parece levar-nos, inevitavelmente, àquilo a que, há uns anos, se chamou de tecnocracia.

Como se pode ver pela actual polémica sobre as alterações climáticas e o aquecimento global (tese que os mais bem informados considerarão cientificamente justificada, mas que está longe de granjear o consenso), é provável que atinjamos um ponto crítico em que o poder e as medidas que esse poder impuser venham "pôr fim" a todas as dúvidas.

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