quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PODE O COMPLEXO CONTINUAR HUMANO?


O túmulo de Simone Weil, em Ashford, no Kent



"Quando o homem está a tal ponto subjugado, os juízos de valor só se podem fundar, em qualquer domínio que seja, sobre um critério puramente exterior; não há, na linguagem, termo suficientemente estranho ao pensamento para exprimir convenientemente algo assim tão desprovido de sentido; mas pode dizer-se que este critério se define pela eficácia, na condição de se entender por isso os sucessos alcançados em falso. Até uma noção científica não é apreciada pelo seu conteúdo, o qual pode ser completamente ininteligível, mas segundo as facilidades que dela resultam para coordenar, abreviar, resumir."

"Réflexions sur les causes de la liberté et de l'oppression sociale" (Simone Weil)


Simone pensa, sem dúvida, no caso da ciência, nas dificuldades que levanta uma teoria como a dos quanta e que, apesar de tudo, parece funcionar. De qualquer modo, isso significa para o pensamento um certo tipo de alienação, presente, como diz a filósofa, em todos os domínios.

Não só os novos conteúdos algébricos, que nenhum espírito pode percorrer, não são outra coisa que relações de signos, como "na própria execução do trabalho, a subordinação de escravos irresponsáveis a chefes ultrapassados pela quantidade de coisas a vigiar, e aliás eles próprios irresponsáveis em larga medida, é causa de defeitos e de negligências inumeráveis (...)"

À medida que cresce a complexidade da organização, mais cresce a dependência das máquinas e dos processos automáticos, isto é, que não envolvem uma decisão consciente.

Assim, parece que a humanização da complexidade tem qualquer coisa de utópico, o que não é, evidentemente, um argumento contra a utopia, como norma de vida.

A resposta de Niklas Luhmann representa um salto para lá desta problemática, com a comunicação no centro da inteligência dos sistemas e o homem em parte incerta.

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