sábado, 30 de agosto de 2008

O PONTO CEGO


Karl Marx (1818/1883)


"No esquema de Luhmann todas as auto-descrições da sociedade são baseadas no paradoxo e na tautologia - a não observabilidade do observador desse observador-em-operação. Consequentemente, o problema para os sistemas sociais não é evitar o paradoxo ou a tautologia mas interromper a reflexão auto-referencial com o fim de evitar puras tautologias e paradoxos e sugerir auto-descrições societais com significado."


"Niklas Luhmann's Theory of Politics and Law" (Michael King e Chris Thornhill)


Este novelo de abstracções é afinal luminoso. E podemos, graças a uma transposição de conceitos, encontrar-lhe mesmo uma filiação marxista.

A auto-descrição é, evidentemente, a ideologia com que os sistemas cobrem a sua "nudez".

O paradoxo do observador sempre esteve no cerne de toda a descrição do mundo. É sempre de um ponto de vista que ela é feita, ponto de vista que, por razões de poder, tem pretensões à "ubiquidade".

Por fim, as grandes palavras, como se sabe, a retórica de uma maneira geral, sugerem que os problemas não são ditados pela nossa forma de os vermos, pela ideologia, mas que são os problemas reais da sociedade. A bem da Nação, mais uma vez.

A cláusula de actualização que Marx parecia desejar para o seu próprio pensamento, foi ignorada pelos diversos marxismos, especialmente quando se tornaram na ideologia oficial. Essa cláusula implica que o "método" não se torne o ponto cego da analise das "situações concretas".

O paradoxo de Luhmann tem, pois, toda a pertinência, mas não tem solução.

Sempre cada sistema tomará a palavra como se não fosse ele próprio a determinar o código da sua verdade.

0 comentários: