terça-feira, 6 de novembro de 2007

A GUERRA DO RUGBY


M.A.S.H. (1970-Robert Altman)

Talvez a questão mais interessante levantada pelo filme de Robert Altman "M.A.S.H." (1970) seja a de saber se esta paródia pode ser, como defendem os seus panegiristas, um filme contra a guerra.

A vida neste hospital de campanha, durante a guerra da Coreia, é uma divertida intriga, graças sobretudo ao elemento sexual e ao informalismo dos diálogos e da representação.

Os feridos e os mortos não chegam a ter existência. Por muito que sangrem, fazem parte dos adereços, como os frascos de soro, as macas e as tendas.

É verdade que ferozmente se troça dos poucos militaristas do campo e que a justificação da guerra está de todo o ausente do discurso.

Parece que os americanos transportaram para o campo militar o seu modo de vida e uma partida de rugby ocupa mesmo uma parte desproporcionada do filme, como a sugerir que a guerra não é outra coisa do que aquela luta pela bola no meio da lama e dos encontrões.

Enfim, parece-me mais uma comédia que se aproveita de uma história de guerra, onde a vida reclama os seus direitos, quaisquer que sejam as dificuldades, do que um filme contra a guerra.

Se a guerra não interrompe a vida nem impede os americanos de jogar rugby, o que haverá nela de atroz?

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