quinta-feira, 21 de setembro de 2017

COMÉRCIO LIVRE



"Atribui-se a Harry Truman o pedido de um economista maneta, que fosse incapaz de dar um conselho e dizer a seguir: "por outro lado" ("on the other hand").

"The undercover economist" (Tim Harford)

O autor deste ensaio estimulante começa o seu capítulo por aquela anedota para, concordando que nem sempre os economistas estão de acordo entre eles, acrescentar que raros são os que não apoiam, com entusiasmo, o comércio livre.

"Por exemplo, quando o Japão foi forçado pelos EUA a abrir os seus portos ao comércio nos anos 1850, depois de décadas de isolamento, começou a exportar seda e chá para um ávido mercado internacional, em troca de tecidos de lã e algodão que eram baratos internacionalmente mas caros no Japão. Como resultado, o seu rendimento nacional aumentou em dois terços."

Mas há sempre alguma razão em se falar nos malefícios do comércio livre, se adoptarmos o ponto de vista de um grupo especial.

"(...) contrariamente à crença popular, não é simplesmente possível que o comércio destrua todos os nossos postos de trabalho e que nós possamos importar tudo do estrangeiro e exportar nada."

Assim, os grupos prejudicados pelas importações estão, de facto, em concorrência com aqueles que são favorecidos pelas exportações. "Uma política de não às importações é também uma política de não às exportações."

Pode defender-se que o consumidor e o país como um todo saiam beneficiados com o fim dos entraves à liberdade do comércio, sem esquecer que há aqui, ainda assim, uma escolha que não pertence só ao domínio económico, embora a questão se confunda, geralmente, com a do interesse dos vários grupos de pressão, empresariais, sindicais ou burocráticos.

Todavia, a resposta dada, pela adesão e o comportamento de quase todos aos valores do "desenvolvimento" não deixa lugar para dúvidas.

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