quinta-feira, 2 de novembro de 2006

AS ESPINHAS DA GRAMÁTICA


"Tenho sido contactado por alguns professores a propósito da TLEBS. A TLEBS é a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, adoptada pela Portaria n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro, que só deveria entrar em vigor após três anos de duração da experiência pedagógica. Mas, em Março deste ano, o Ministério da Educação enviou às escolas uma circular determinando que a TLEBS constitua uma referência no tocante às práticas lectivas, à concepção de manuais e aos documentos produzidos em matéria de ensino e divulgação da Língua Portuguesa."

Vasco Graça Moura ("Diário de Notícias")


As modas, apesar de voláteis, estão longe de ser inócuas, como o prova o cortejo de jovens anorécticas cultoras do seu esqueleto.

Mas a pior das modas é a que atinge os órgãos do Estado, mesmo com algumas décadas de atraso.

Ideias que entusiasmaram uma geração de intelectuais e que sofreram já a necessária refocagem crítica, como o estruturalismo e a linguística aplicada, continuam a chegar como se fossem a última palavra e a verdade insofismável ao Ministério da Educação.

E temos o horrendo TLEBS, a nova Nomenclatura Gramatical Portuguesa, que promete separar de vez as gerações futuras da sua língua.

À força de dissecação e análise despromoveu-se uma língua a viva a sistema cadaveroso e porque se quer deixar uma marca indelével na pedagogia ( o que me lembra a sanha reestruturadora de alguns gestores de empresas), deixaram-nos um prato de espinhas intragável.

"Nada se cria, nem nada se perde": o que se lê tem de se falar ou escrever de algum modo. E o que nos deu um momento de vaidade por partilharmos as ideias duma vanguarda, tem de se traduzir em pedagogia revolucionária.

0 comentários: