quarta-feira, 27 de setembro de 2006

A NOSSA VIDA EM FILME




"Donde vem esta inesperada vulnerabilidade às teorias conspirativas e a esta versão delirante sobre uma "verdade" escondida do 11 de Setembro?Pois muito simplesmente do serviço público de televisão, que alimentando todas as dúvidas e sem prevenção nenhuma especial, transmitiu 4 vezes (quatro) um suposto documentário com esta tese. Apenas por curiosidade, o site da Wikipédia não deixa de notar: "Portuguese public TV Station RTP showed the documentary on the 10 of September, 2006 in prime time hours"... o que só aconteceu mais num canal pago australiano e noutro paquistanês privado. Ainda a enciclopédia não sabia das repetições. Como se dizia do Marquês de Porras y Porras, o problema não estará tanto no facto em si, mas na insistência."

(Manuel Queiró em "O Público" de 27/9/2006)

O efeito desrealizante da televisão é por de mais subestimado. A abordagem da actualidade por este medium nunca é informação verdadeira, mas sempre, no fundo, entretenimento.

Para além do facto da política se fazer cada vez mais para as câmaras, os nossos níveis de percepção foram já demasiado modificados por esta tecnologia, para sabermos se estamos ainda no mundo da ilusão e do espectáculo ou se já saímos dele.

O nosso nível de credulidade perante as dúvidas semeadas sobre o 11/9 por aquele programa parece ter atingido um ponto crítico.

O ponto crítico é este: não foram precisos 50 anos, nem que nos tornássemos revisionistas da História, como o que sucede com os que agora põem em causa a realidade do Holocausto.

Não. Tanto o ataque às Torres Gémeas, quanto a reacção dum Bush estupidificado quando recebeu a notícia, passaram quase em directo diante dos nossos olhos, há apenas cinco anos.

Mas, justamente, esses factos não os vivemos. Por muito que nos doa são espectáculo.

E o espectáculo das vítimas "vale" o filme da conspiração.

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