"Citizen Kane" (1941-Orson Welles)
"Porque é contrário à função e ao estilo da confiança exigir ou fornecer informações factuais detalhadas e provas objectivas, se bem que a possibilidade de uma tal explicação possa ser sugerida. O perito pode constituir um perigo para o político e os seus argumentos, se ele se puser a argumentar no mesmo sentido. Porque quanto mais o político fornece argumentos, menos é necessário ter confiança nele e mais se torna indiferente saber quem realiza o programa. Ou ainda quando a questão da confiança permanece mesmo assim real, a acumulação de argumentos trai uma incerteza que provoca a retirada da confiança."
"La confiance" (Niklas Luhmann)
Porque não é possível afastar a incerteza da política é que a confiança se torna necessária.
Mas o paradoxo referido por Luhmann que é o de quanto mais se demonstrarem as razões para os outros terem confiança em nós, menos ela ser necessária, como se a argumentação equivalesse de facto a um menor grau de incerteza, ainda é mais interessante quando se revela que a argumentação é até contraproducente. E pode-se ver aqui um pouco da natureza do poder, que tem algo de sagrado e de primordial, como o deixa pressentir a palavra hierarquia.
Em vez das certezas partilhadas, o que se exige do poder é uma espécie de solidão visionária e inspirada. E, neste caso, a confiança está muitas vezes na origem dos mitos.
0 comentários:
Enviar um comentário