sábado, 23 de julho de 2005

A CAÇA AO ELEFANTE BRANCO






“Há uma íntima relação entre a imprevisibilidade do resultado e o carácter revelador da acção e do discurso; o agente revela-se sem que se conheça a si mesmo ou saiba de antemão “quem” revela.”

 
Hannah Arendt (in “A Condição Humana")


Leio vários artigos nos jornais sobre os investimentos estratégicos deste governo. As opiniões dividem-se. Uns acusam-no de cedência aos lobbies ou de se estarem, assim, a criar novos elefantes brancos e a inviabilizar o objectivo prioritário de redução do défice. Outros acham que é preciso decidir, de uma vez por todas, sobre o novo aeroporto de Lisboa e o TGV, que deverão ter repercussões positivas no desenvolvimento, como outros pretensos elefantes brancos já tiveram, e que, de resto, ninguém pode contabilizar à partida todos os efeitos desse investimento público.

Enfim, estarei mais informado? Não teria ainda elementos para tomar uma decisão, se precisasse de a tomar. Mas o que obtive daquela leitura permite-me, ainda assim, ter uma opinião? Também não. O que acontece é que são as escolhas políticas anteriormente feitas ou as simpatias do momento que acabam por fazer sair as pessoas da indecisão. E a primeira palavra proferida é já um corte do nó górdio, que nos obriga a um princípio de coerência.

Por higiene intelectual, não nos deveríamos pronunciar sobre o que não sabemos, e só sabemos duma acção no seu contexto. Mas não é assim que as coisas se passam. Uma imagem mais eloquente faz-nos embarcar na aventura.

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