sexta-feira, 31 de julho de 2015
JÓNIA
Bem as expulsámos dos seus templos,
Nem por isso os deuses morreram.
Ó terra da Jónia, é a ti que eles amam ainda,
De ti que se lembram as suas almas.
Quando se eleva sobre ti uma manhã de Agosto,
Um frémito das suas vidas penetra a tua atmosfera;
E, por vezes, vaporosa, uma silhueta de adolescente,
Passa atrás das tuas colinas."
quinta-feira, 30 de julho de 2015
JOANA D'ARC
Joana D'Arc |
quarta-feira, 29 de julho de 2015
A LINGUAGEM
http://www.elishean.fr/wp-content/ |
terça-feira, 28 de julho de 2015
A FÉ COMUM
segunda-feira, 27 de julho de 2015
ARGOS, O NAVIO
domingo, 26 de julho de 2015
NUMA GRANDE COLÓNIA
É o tipo mesmo de exploração que arruína as Colónias.
sábado, 25 de julho de 2015
PARADOXOS CONTEMPLATIVOS
sexta-feira, 24 de julho de 2015
A IDADE DISFUNCIONAL
Michel Foucault |
quinta-feira, 23 de julho de 2015
LEITURA FÍSSIL
Não se pode ler por ler sem uma doutrina. O espírito é permanentemente confrontado com as ideias organizadas e o pensamento estranho, que se socorre das regras do estilo e da literatura, numa posição de absoluta fraqueza.
“É impossível ao espírito mais heroicamente firme conservar a consciência dum valor interior, quando esta consciência não se apoia em nada exterior. O próprio Cristo, quando se viu abandonado de todos, espezinhado, desprezado, a sua vida não contando para nada, perdeu por um momento o sentimento da sua missão (…)”, diz Simone Weil. É melhor ter uma opinião errada do que nenhuma...
É justo ter preconceitos, diante duma força que nos quer persuadir, a cada livro, de coisas diametralmente opostas. Uma gargantuesca vontade de leitura precisa duma ideia que esteja sempre presente ao espírito, sob pena de não acrescentar nada ao mundo, nem despertar nenhuma acção.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
ÓDIO
Aristóteles |
"A cólera tem sempre um indivíduo como seu objecto, enquanto o ódio se aplica às classes."
(Aristóteles)
A ira é uma paixão do momento. Quando o objecto desaparece da vista, quase sempre se esquece. É como uma ferida da pele que, se não for coçada, cicatriza.
O ódio precisa continuamente de combustível. E encontra-o sempre nas circunstâncias da vida em sociedade, graças a uma ideia que confirma o odiador no seu ressentimento.
A doutrina da luta de classes, como se sabe, deve quase tudo ao darwinismo. A filosofia da "Origem das Espécies" forneceu um dispositivo para a interpretação da história que a torna de uma facilidade ilusória.
Temos de nos lembrar que as grandes ideias são simples, mas não simplistas. E que uma grande ideia pode ser esvaziada do seu conteúdo e tornar-se um elo de uma nova prisão do espírito.
Há um tipo de ódio político que sobrevive à própria classe. Essas pessoas continuam fiéis à ideia primitiva que motivou o ódio, quando o mundo mudou para todos os outros efeitos e as classes mudaram de posição ou simplesmente desapareceram.
terça-feira, 21 de julho de 2015
TOCAR COM O DEDO
"Incredulidade de S.Tomé" ( Diogo Teixeira, c. 1540-1612)
"La preuve, voilà le malheur héréditaire de la pensée."
(Elias Canetti)
O que é a prova? É o que se pode tocar com o dedo de S. Tomé. Isso é tão "hereditário", que a Igreja não pôs em causa a santidade deste homem de pouca fé.
A prova é a realidade cingida à experiência, é a existência de ideias e coisas no mesmo mundo.
É, enfim, o desmentido flagrante da História, porque só se pensou, realmente, contra as "provas", sustentando o pensamento frente à percepção, à experiência e ao próprio pensamento tornado coisa.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
A SUPERFÍCIE
George Steiner |
George Steiner refere-se a "este paradoxo da proximidade, esta descoberta, que é tanto socrática como fenomenológica, segundo a qual as maiores densidades de sentido jazem no imediato, no mais obviamente à mão."
Mas toda a filosofia antiga (talvez à excepção de Heráclito) distingue a essência das coisas (o que precisa de ser revelado) do mundo fenomenal. Kant não superou essa distinção, mas pôs a essência fora do nosso alcance, o que abriu as portas à atitude científica e à produtividade do conhecimento moderna.
Deixou-se a Deus o que é de Deus que, de qualquer modo ultrapassa a nossa compreensão. Porque o imediato, na sua profundidade e densidade 'paradoxais' talvez seja o único meio permitido à razão incorporada. E a única compreensão ao nosso alcance é a do sentido.
Aquele lugar-comum que nos explica como é que o pensamento é a coisa mais rápida do mundo (sem sair do lugar) tem uma certa afinidade com a ideia de que podemos extrair sentido de tudo, mesmo do que nos ultrapassa, isto é, sem realmente sabermos para além do mito.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
HIERÓGLIFO
quarta-feira, 15 de julho de 2015
O SEM-FIM POLÍTICO
terça-feira, 14 de julho de 2015
DISCIPLINA E AUTORITARISMO
segunda-feira, 13 de julho de 2015
TUDO É RELATIVO?
A infeliz confusão entre o nome da mais famosa teoria científica do século passado e a opinião espalhada por toda a parte que é conhecida por relativismo é aqui incentivada pelo próprio autor da teoria, talvez levado pelos seus sentimentos em relação à atroz perseguição dos judeus no seu tempo.
Porque é bom de ver que a revolução da Física, e da nossa visão do Cosmos não se podiam ter ficado a dever à afirmação banal de que a visão das coisas depende de um 'ponto de vista', a qual, já agora, não tem nada a ver com o 'relativismo' que, mais do que o reconhecimento da importância da perspectiva é uma filosofia e uma moral que defendem que tudo se equivale e que tudo está justificado pela sua circunstância.
A vida do grande homem de ciência demonstra que abominava o niilismo implícito na opinião relativista.
Mas - quem sabe? - talvez no momento estivesse farto de entrevistas e daí o seu descuido. Esse é tão pouco o verdadeiro Einstein como o daquela inagem em que nos deita a língua de fora.
No fundo, ele estava-se a borrifar para a gravidade.
domingo, 12 de julho de 2015
A CRENÇA NO FUTURO
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"Mas não podem escapar. Este puro elogio da volição acaba na mesma destruição e no mesmo vazio da mera perseguição da lógica. Exactamente como o pensamento completamente livre envolve a dúvida sobre o próprio pensamento, assim a aceitação do mero 'querer' na realidade paralisa a vontade."
"Orthodoxy" (G.K.Chesterton)
Nesta encruzilhada europeia, todos os países podem invocar a democracia e a vontade do povo para defenderem posições incompatíveis. Verifica-se que a ideia da Europa não vingará pela simples vontade das cúpulas, nem através de um processo genuinamente democrático. Lincoln surge aqui para nos lembrar que não foi a livre discussão que forjou a unidade americana. Os nossos costumes não mudaram tanto que não possamos aprender com a guerra civil dessa grande nação.
Todos os países que formam a UE são construções 'naturais', cheias de 'anomalias' resistentes a qualquer 'conformação' continental.
Claro que há grandes mudanças a partir de cima (mas nunca conforme os 'reformadores', ou os monarcas 'esclarecidos as pensaram). Ivan o Terrível ou Pedro o Grande da Rússia conseguiram-no, com custos humanos incalculáveis. O nosso Marquês foi um homem duro, com uma espécie de mandato conferido pela catástrofe
Mas não devemos menosprezar a força das leis para corrigir os costumes. A convivência com as novas ideias muda também a disposição dos povos, ou pelo menos a das novas gerações. Bonaparte perdeu a guerra europeia, mas não a paz que se lhe seguiu. Julien Sorel ("Le rouge et le noir") não foi a única cabeça esquentada pela 'Campanha de Itália' e a mensagem da Revolução Francesa.
Talvez se possa dizer que as grandes reformas precisam de força para serem rápidas (mas quase sempre traídas), e de tempo para se imporem pacifica e definitivamente
Do que a Grécia actual precisa é de líderes que vejam o horizonte para lá das árvores. Se faltarem, impor-se-á a força míope dos banqueiros.
A visão que se pede é, no fundo, uma crença no futuro. Aqueles que pensam só dentro da 'caixa do presente' são os nossos coveiros.
sábado, 11 de julho de 2015
TATUAGEM
Ao balcão da snack, o calor expõe a rude tatuagem, com data e tudo.
O que é que a idade faz com tudo isso?
O arrependimento obrigava a constantes explicações.
Por isso, aquele momentâneo desvario juvenil se tornou doutrinário.
Ao inscrevermos no corpo uma pertença, fazemos um juramento para toda a vida.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
A REDE TEÓRICA
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"O papel da física matemática é exactamente levantar questões, apenas a experiência pode resolvê-las."
(Poincaré)
Neste caso, de acordo com o raciocínio intuitivo, as questões teóricas não nasceriam da experiência, mas da própria teoria. É a ideia de uma rede de pensamento cobrindo o mundo.
Mas o grande matemático diz a seguir que os problemas teóricos só podem ter solução na experiência, o que já me parece objectável. Porque a teoria é consequente consigo mesma, em primeiro lugar, e a referência ao mundo não lhe é essencial. Qual é, pois, a relação entre a 'experiência' e a 'rede do pensamento', ou o mundo das ideias?
Para que a 'solução' na experiência de qualquer problema da 'física teórica' seja possível, tem de se acomodar à 'rede' ou provocar uma adaptação na lógica do reticulado. A teoria da relatividade deveu o seu enorme sucesso à sua capacidade de 'explicar' o mundo melhor do que qualquer outra teoria. A 'confirmação' pela experiência venceu as resistências e consagrou a 'relatividade', a nível mundial. Significa isso que o verdadeiro problema (teórico) não estava resolvido antes daquele sucesso?
É porque a ciência tomou partido por um mundo sem milagres, sem essência inacessível, sem intenção divina ou satânica que o nosso mundo se tornou o objecto passivo da análise teórica. O pensamento nunca é repelido pela força se se aprender a arte de navegar.
A rede, ou a prótese mcluhaniana do nosso cérebro (que o 'numérico' da Internet parece ter demonstrado de uma forma espectacular) dir-se-ia que contorna todos os obstáculos, simplificando o universo, cuja realidade deixou de nos interessar.